4/26/2007

4/23/2007

O Iraque pode estar a transformar-se na Jugoslávia
Max Boot
20/03/2007

O debate sobre o Iraque começa a assemelhar-se ao debate sobre a Jugoslávia do início dos anos 90. Ouvimos de novo que estrangeiros enlouquecidos estão atolados em antigos ódios étnicos, e que os Estados Unidos não têm razão para se envolver nas suas lutas intestinas. Ironicamente, alguns dos que apresentam este argumento "realista" resistiam à sua lógica espúria há 15 anos. Tinham razão em fazê-lo então, e estariam tragicamente errados se sucumbissem ao canto da sereia do não-intervencionismo hoje.

Na ex-Jugoslávia, tal como no Iraque, vários grupos étnicos digladiam-se há anos, mas também tiveram longos períodos de coexistência pacífica - e não apenas sob a mão pesada de um Tito ou de um Saddam. Croatas, bósnios, eslovenos, kosovares, macedónios, montenegrinos e sérvios viveram séculos juntos sob os relativamente benignos impérios dos otomanos e dos Habsburgos. Assim também aconteceu com curdos, xiitas, e sunitas na Mesopotâmia.

Em ambos os casos, as taxas de casamentos entre etnias diferentes eram elevadas, e não havia um movimento popular pela guerra civil. Mais recentemente, o conflito interno foi fomentado por megalómanos como Milosevic e Al-Zarqawi, que procuraram beneficiar da violência e conseguiram ganhar ascendência porque a autoridade central havia desaparecido.

Numa terra sem lei, as pessoas normais foram obrigadas a buscar protecção de milícias sectárias. À medida que estes grupos cometeram atrocidades, alimentaram exigências de vingança, levando a uma espiral de morte. Observando a violência de um confortável sofá, é fácil concluir que "esta gente é um bando de animais, não os podemos ajudar". Mas a violência pode espalhar-se como aconteceu nos Balcãs, quando os combates passaram da Eslovénia (primeira província a separar-se), à Croácia, à Bósnia e ao Kosovo. Um contágio maior foi evitado graças à intervenção liderada pelos EUA.

Hoje, só a presença militar americana impede que o Iraque, já envolvido numa guerra civil de intensidade baixa, degenere num conflito de larga escala como a Jugoslávia. O efeito mais provável desse conflito é descrito num relatório recente, Things Fall Apart ["As coisas desmoronam-se"], de Daniel Byman e Kenneth Pollack, da Brookings Institution.

Byman e Pollack examinaram as guerras civis na Jugoslávia, no Afeganistão, no Congo, no Líbano, na Tchetchénia, em Nagorno-Karabakh, na Somália e no Tajiquistão. "Descobrimos", escrevem, "que o alargamento é comum em guerras civis maciças", e que "embora a sua intensidade varie muito, nos casos piores pode ter efeitos verdadeiramente catastróficos".

Eles citam seis desses efeitos, para lá do pesadelo humanitário.

Primeiro, um êxodo maciço de refugiados, "grandes grupos de pessoas enfurecidas, que servem de campo de recrutamento a grupos armados ainda envolvidos na guerra civil". Por exemplo, foram refugiados palestinianos que iniciaram conflitos na Jordânia em 1970-71 e no Líbano de 1975 a 1990.

Segundo, Estados em guerra civil podem ser santuários para grupos terroristas já existentes (como a Al-Qaeda no Afeganistão) ou criar novos grupos (como o Hezbollah no Líbano).

Terceiro, as guerras civis costumam radicalizar os povos vizinhos. Foi o caso do genocídio no Ruanda nos meados dos anos 90 que originou uma guerra civil no Congo, na qual terão morrido quatro milhões de pessoas.

Quarto, "a secessão gera secessionismo", tal como sucedeu na Jugoslávia.

Quinto: há sempre enormes prejuízos económicos.

Para Byman e Pollack "os problemas criados por esta tipo de alargamento [do conflito] podem levar Estados vizinhos a intervir - para impedir o terrorismo, como Israel tentou no Líbano, para deter o fluxo de refugiados, como os europeus tentaram na Jugoslávia, ou para acabar com (ou retaliar contra) a radicalização da própria população, como a Síria fez no Líbano... O resultado é que muitas guerras civis se tornam em guerras regionais."

Byman e Pollack notam que "o Iraque tem todos os sintomas de vir a criar problemas de alargamento muito graves". É que este é um país com algo de valioso por que combater (petróleo) cujos principais combatentes (curdos, xiitas e sunitas) têm comunidades nos países vizinhos. O potencial do Iraque para gerar terrorismo é ainda maior que o do Líbano ou o do Afeganistão.

Talvez seja tarde de mais para evitar esta catástrofe. Mas a Jugoslávia mostrou o quanto uma intervenção decisiva pode fazer. O argumento a favor da acção - enviar mais soldados e não retirar os que lá estão - é mais forte no Iraque porque fomos nós a causar a turbulência e não podemos fugir às suas consequências.

4/12/2007

Elementar

Escreve o Luís, de Coimbra, algures nos comentários do Público...

Parece q alguns portugueses não compreendem que certos cargos públicos exigem dos detentores uma certa dignidade e honestidade que não é compatível com falcatruas, aldrabices, amigalhaços e compadrios. Pessoalmente pouco me importa que o primeiro ministro tenha a quarta classe ou um doutoramento. No entanto já não me é indiferente se o mesmo tenha feito aldrabice da grossa para obter um diploma universitário, e que tenha andado a empolar-se durante largos anos usando títulos e honrarias que não possui. Aliás este último ponto revela uma tacanhez de caracter imensa, e ninguém deveria querer um primeiro ministro assim. Numa democracia normal, com tradições de responsabilidade e idoniedade, como por exemplo a Inglaterra ou os Estados Unidos, já se começaria a falar na demissão do primeiro ministro, porque independentemente de ele ser muito bom, ser o salvador da pátria e afins, a dignidade do cargo não se coaduna com histórias destas. O facto de ver aqui tantas pessoas a defender o abafamento da história mostra bem o baixo nível da "democracia Portuguesa". E para aqueles q mesmo assim não percebem o obvio desta questão direi apenas que não é aceitável, quando muitos milhares andam anos a esfolar-se para tirar um curso, que alguém vá simplesmente ao fim de semana a casa do reitor e pronto "toma lá um canudo". Porque se uma pessoa faz isso para a porcaria dum diploma universitário, imagine-se só o que não fará com outras coisas mais importantes. As questões de caracter são assim, é pena que em Portugal a força de tanta porcaria todos os dias já não se perceba algo tão básico.
Ah, e vamos até admitir que terminou a tal licenciatura, não em engenharia civil mas outra coisa qualquer de engenharia, dizia, vamos admitir que realmente terminou a licenciatura em 96, ora, e entre outras coisas (diga-se aliás, uma enorme trapalhada à qual sinceramente nem me dei ao trabalho de sequer ler com atenção), trabalhou na Câmara da Covilhã, entre 81 e 87, como Engenheiro Civil. Bom, é que há diferenças de pagamento entre licenciados e não licenciados. Digo eu. Mas pronto, também quem sou eu. Ou então é tudo normal, se calhar é mais isso.
Bom, resultou, de alguma forma resultou. Quer dizer, aqui, que andamos todos a brincar, claro.

4/11/2007

Guia para a entrevista do Primeiro-Ministro

Para quando se falar de um certo e determinado assunto:

1. Dizer: "Ainda bem que me faz essa pergunta".

2. Elevar o tom de voz.

3. Mostrar indignação.

4. Dizer quanto valoriza a aprendizagem ao longo da vida.

5. Mostrar um documento qualquer. Mesmo que ninguém consiga ler, credibiliza. Pode ser a Certidão de Nascimento. Se ninguém perceber o que é, impressiona à mesma.

6. Dar a entender que isto é uma questão de invejas.

7. Todos os pontos favoráveis são mérito do Primeiro-Ministro, que até se licenciou numa universidade elogiada pelo Ministério do Ensino Superior. Todos os pontos desfavoraveis são culpa da burocracia da Independente, que até foi fechada pelo Ministério do Ensino Superior.

http://ablasfemia.blogspot.com/

4/09/2007

Ou