5/10/2009

XXV

Somos do Fado e nele; só falta ter
Distância de alma para nos sabermos
Seu lar e noutros rumos o movermos
P'la imanência dele no mover.

Estamos longe da exterior verdade
P'ra saber que não somos o que somos,
E no alvor do erro calor pomos,
Jovem o erro e nós em nossa idade.

Dupla mente nos falta para olhar,
Entre as coisas, nossa presença fora,
Medindo na diferença nosso estar

E, marionetas, nossos fios vendo.
Uma língua estranha em nós fala agora
O que, contra o real, vamos dizendo.

We are in Fate and Fate's and do but lack
Outness from soul to know ourselves its dwelling,
And do but compel Fate aside or back
By Fate's own immanence in the compelling.
We are too far in us from outward truth
To know how much we are not what we are,
And live but in the heat of error's youth,
Yet young enough its acting youth to ignore.
The doubleness of mind fails us, to glance
At our exterior presence amid things,
Sizing from otherness our countenance
And seeing our puppet will's act-acting strings.
An unknown language speaks in us, which we
Are at the words of, fronted from reality.


Poesia Inglesa (I), Pessoa, folheado ao calhas